Exagero
O Diário vende uma mercadoria na capa e entrega outra nas páginas internas. Vender é bem o termo, até em sua polissemia. A manchete é para vender jornal, está na cabeça dos responsáveis pela embalagem, a capa. Dar impacto é uma arte. Qualquer desvio vira caricatura, afetação. Transcrevo o texto da capa, com intervenções entre colchetes:
As invenções genuinamente cearense conquistam o mercado exigente do Brasil e do mundo
Note o tom ufanista mercado "exigente" do mundo, o Brasil incluído, claro. Continuemos.
A produção acadêmica cearense deixou os campi [olhaí, sabe latim. Mas não deveria estar em itálico?] universitários e ganhou espaço nas prateleiras do mercado tecnológico. Invenções como medicamentos, alimentos, equipamentos [entos, entos, entos...] e até robôs saíram das salas de aula da Universidade de Fortaleza (Unifor) [a primeira a ser citada, claro] e Universidade Federal do Ceará (UFC) [esqueceram a Uece] para ajudar a melhoria da saúde humana, desenvolvimento de combustíveis ou mesmo no auxílio ao combate de incêndios.
A culpa não é da repórter. Os textos falam de bons inventos, destaques e até sucesso empresarial. Á matéria boa, oportuna, chama a atenção para a pesquisa no Ceará, vital para seu desenvolvimento etc etc etc. Mas não precisava exagerar no ufanismo. Conquistar o mundo ainda é uma meta, bem desafiadora.
Entendo. Domingo, duas páginas de boas matérias, a manchete é sobre ela. Agora, como dar impacto, para vender? Me senti um pouco ludibriado como leitor. Mas valeu a leitura da matéria, pelo menos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário