domingo, 16 de março de 2008

Manchete publicitária

No dia 29 de fevereiro, O Povo publicou uma peça publicitária disfarçada de manchete. O ombudsman a chamou de "manchete infeliz", numa crítica leve, em sua coluna do dia 2 de março. Pois não é que só agora, num texto mal escrito, de idéias ruins e estilo pior, o editor-executivo do Núcleo de Conjuntura tenta enquadrar o ombudsman por não ter ouvido o "outro lado"!

Fez uma defesa veemente da peça publicitária, que certamente será usada na campanha de reeleição da prefeita:

O presidente Lula veio a Fortaleza, fez uma defesa enfática de Luizianne, falou das "perseguições" e "injustiças" que ela estaria sofrendo, fez recomendações políticas a ela, remeteu ao processo eleitoral, deu-lhe um caloroso e afetuoso abraço em público, enfim, agiu de maneira politicamente forte para dizer que "estava com" a prefeita petista. Sendo ele, conforme atestam as pesquisas e demonstrou o último resultado eleitoral, um apoio de peso para boa parte dos que estiverem candidatos cá para o Nordeste, Fortaleza inclusive, como não dar ao evento a dimensão jornalisticamente forte que adquiriu?

Ora, Lula seguiu o script de apoio político à prefeita, que viajara a Brasília às vésperas da visita do presidente ao Ceará. Ele veio lançar o PAC, mas O Povo resumiu, na capa, a um apoio a Luizianne. O ombudsman está cheio de razão. Os argumentos do editor servem para manchete de página. Na capa, parece militância (pelos argumentos expostos) ou ingenuidade. O destaque dado é deslumbramento.

O texto é enfadonho, na tentativa de justificar o injustificável. Poderíamos até achar que foi o fogo da paixão que Lula provoca em alguns jornalistas. Mas, passado esse tempo todo, o que propiciaria uma reflexão, ainda tentam dizer isso sem se preocupar com o leitores ("a", "b" ou "c" poderia achar que o jornal estaria tentando turbinar alguma candidatura)... Vou falar só mais deste trecho:

E, por isso, não tem medo de eventuais repercussões enviesadas quando vai além do declaratório e aplica sua própria leitura, dando a cada evento político a importância que entende ter.

Tudo o que O Povo fez foi ficar no declaratório: "Lula faz defesa de Luizianne".

Tudo bem, querem fazer campanha. Que façam. Mas, ao justificar, mais talento. Pelo menos, um texto razoável, com idéias idem.

Se pretende checar a "qualidade" do texto e a resposta do ombudsman, clique aqui.

A manchete infeliz já tinha sido comentada aqui no post Campanha e jornalismo.

Para refrescar a memória, compare os jornais do dia.

Um comentário:

Anônimo disse...

a foto do jornal o povo tem mais informação. A do DN nada informa. Podia ser em qq lugar, qq tempo. E pode ser entendida como apologia do Lula...