domingo, 22 de julho de 2007

Diário mente

Só mesmo falta de assunto explica o fato de o Diário dar a mesma manchete com 11 dias de diferença. A de hoje até diminui a informação da manchete do dia 11 deste mês.










Naquele dia, o Diário afirmava que o PCC financiara o túnel que daria fuga a presos do IPPOO. Na de hoje, a certeza virou indício. Não justificaria a manchete.

O leitor do Diário foi avisado de uma certeza que agora virou indício. Mas a coisa é pior, a manchete é mentirosa.

A Justiça não confirmou e também não disse que indícios apontam que PCC financiou túnel.

Na pressa de legitimar uma informação, dada com "absoluta exclusividade" (expressão esquisita que o repórter usou para sublinhar o furo), o jornalista deturpou fatos.

Vamos ver primeiro os exageros na capa:

A Justiça Federal elaborou documento, apontando as evidências do envolvimento do PCC, mas não revelou detalhes dos indícios.

Nem poderia revelar. Essa informação dada pelo jornal não procede, como se verá logo adiante. Vejamos o texto do repórter da p. 16, da matéria cujo título Juiz confirma suspeita do PCC, da mesma forma, não corresponde à verdade.

É até possível que o juiz tenha afirmado os indícios, mas o jornal não comprovou. Muito menos na cópia de documento da Justiça (clique na imagem abaixo para ampliar, fica bem legível).

Também é possível que o jornal, mais preocupado em confirmar o furo do que em dar notícia, tenha feito uma leitura apressada do documento. Lá, não há elementos para sustentar o que foi dito na capa e nas páginas internas.

No documento acima, o juiz não afirma ter encontrado indícios. Na decisão, ele primeiro informa o que foi pedido:

"...afirmando a autoridade policial que, ao que foi apurado, existentes indícios veementes que indicam..."

Fica, então, claro que a expressão "indícios veementes" pertence à polícia e não à Justiça.

Depois de ver isso, fica meio ridículo o texto da matéria, principalmente nos seguintes trechos:

A Justiça Federal considera ter encontrado ‘indícios veementes’ de que a organização criminosa de São Paulo, Primeiro Comando da Capital (PCC),

A conclusão é do próprio juiz que está à frente do processo que apura o furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central, de Fortaleza, em agosto de 2005.

o juiz federal Danilo Fontenelle Sampaio, afirma que existem “indícios veementes que indicam a participação da falange criminosa denominada Primeiro Comando da Capital no túnel

Um comentário:

Anônimo disse...

Para quem o DN faz jornal? Para a polícia ou para seus chefes? Para nós, leitores, é que não é!