domingo, 8 de julho de 2007

Verdades temporárias


Probleminhas com a matéria da capa do caderno Negócios (Diário).

Com o sobretítulo "trabalho na alta estação", afirmou que o "Ceará deve gerar 13 mil vagas temporárias". Isso não é verdadeiro. Essa não-verdade também está no abre da matéria:
Apesar das previsões pouco otimistas, a alta estação no Ceará deve representar a criação de 13 mil postos temporários
Não é verdadeiro porque, como se verá mais adiante, esse número corresponde também a junho, e não só a julho, o mês da alta estação.

O parágrafo inicial é uma obviedade:
O aquecimento econômico experimentado no Ceará com a chegada da alta estação e com o início da preparação das indústrias para as encomendas de fim de ano deve alavancar a contratação de funcionários temporários neste mês.

E ainda mistura o presente (experimentado) com o futuro (deve alavancar). Independentemente disso, é óbvio, todo ano é assim. Este, enfrentando dólar baixo e apagão aéreo, é que pode ser diferente. Se o repórter provar que, apesar disso, vamos ter uma boa temporada, merece prêmio. Mas não foi assim.

Aqui, a inclusão de junho no cálculo:
Conforme projeções do Sistema Nacional de Empregos (Sine) no Estado, em junho e julho devem ser criadas aproximadamente 13 mil vagas.

DICA
O coordenador de intermediação do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Antenor Tenório, ressalva que o número representa apenas as expectativas com relação à colocação via sistema público de emprego, por meio do banco de dados do Sine, que cruza as demandas das empresas com as ofertas de mão-de-obra cadastradas junto ao orgão.

Cadastre sempre sua oferta de mão-de-obra no órgão. Cadastramento junto ao órgão pode estar sendo feito clandestinamente ou por cambistas. Na dúvida, cadastre no órgão, e não junto ao órgão.


Continua a matéria com o intertítulo "Atividades turísticas":

Como as previsões para a alta estação este ano na cidade não são das mais animadoras, sobretudo por conta do ´apagão aéreo´, as empresas ligadas diretamente à atividade turística devem responder por cerca de 5% dos empregos temporários gerados no bimestre. Essa mão-de-obra deve ser absorvida por hotéis, barracas de praia e restaurantes.

A partir daí, a matéria comenta a projeção de novos empregos em setores que trabalham em cadeia com o turístico. Tanto que a matéria continua na p.3 com o título "Efeito maior em comércio e serviços.

Mas se apenas 5% da mão-de-obra estará ligada ao turismo, por que a ênfase nesse setor? Se o repórter começou o texto brandindo dois fatores para as contratações, é bom checar o outro. As encomendas na indústria, por exclusão, devem representar 95%. Então, a pauta está invertida. Deveria buscar quais segmentos da indústria estariam empregando mais.

Mas não, no quadro sobre empregos, estrondosa maioria ligada ao turismo.

No texto, quando se refere à industria, é como beneficiária da atividade turística:

A indústria também deve sentir benefícios indiretos, sobretudo para itens que são consumidos no período.
E termina aqui a citação:
Outro fator sazonal que colabora para o bom desempenho do mercado de trabalho no período é o início da preparação da indústria para atender às encomendas de fim de ano.

Nada mais se disse sobre a indústria. Você pode ler a matéria e a continuação dela, clicando nos links abaixo.


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