domingo, 7 de outubro de 2007

Escrita ruim

Quando falei aqui que jornalistas (maioria) não sabem escrever, recebi um email dizendo que não era bem isso. Que eu deveria estar me baseando em textos de jovens, vindos há pouco da faculdade. Sua tese é desmontada hoje num texto do editor de Política do Diário do Nordeste.


Imagino que, para ser editor de Política, não devam colocar jovens. Vamos ao texto:

A fidelidade partidária, sequer precisaria estar definida em lei, tivéssemos todos os homens públicos o compromisso...
Mal começa o texto, lasca uma vírgula indevida, separando sujeito do predicado. E logo depois usa o advérbio "sequer" também de forma indevida. Deveria ser "nem sequer". Em seguida, erra o tempo do verbo ter. O correto seria "tivessem". Três erros crassos logo no primeiro parágrafo.

Lamentável que tenhamos necessidade de ter uma lei para pôr fim à infidelidade. E pior ainda que tal dispositivo tenha que ser feito pelo Judiciário, pois demonstra a impotência, e mais, o desinteresse do Poder Legislativo de cumprir a missão que a democracia brasileira lhe garante, dentre as quais de fazer o ordenamento jurídico.
Erros de pensamento e um de português. Lamentável que ainda não tívessemos uma lei sobre a fidelidade. O "dispositivo" não foi feito pelo Judiciário. Este interpretou a legislação. A omissão do Legislativo foi de não regulamentar, detalhar ou disciplinar em matéria legal o que havia na Constituição. O erro de português é este "dentre" quando quer dizer "entre".

A decisão do Supremo Tribunal Federal, afirmando que os mandatos proporcionais (de vereador, deputado estadual e deputado federal) são dos partidos, e não de quem os exerce, mudando sua própria Jurisprudência assentada no curso da vigência da atual Constituição brasileira...
Aqui, um absurdo jurídico: não houve mudança de jurisprudência, o que seria muito estranho. Também é de estranhar a inicial maiúscula em jurisprudência.

Dentre muitos outros, aqui no Ceará, para nos fixarmos em apenas um caso, a situação criada pelo deputado federal Manoel Salviano é uma dessas situações em que o partido também contribui para a desordem que impõe a intervenção do Poder Judiciário. O deputado resolver trocar o PSDB pelo PMDB apenas para ser candidato a prefeito de Juazeiro do Norte
De novo, usa "dentre" (de + entre) em vez do "entre". Aí, vem um belo estilo na repetição: a situação é uma das situações. E, de novo, erra na conjugação do verbo. Em vez de "resolver" é "resolveu".

Ao fim, mais bobagem:

E ele então anuncia sua volta ao PSDB. Pode? Que reações sérias adotarão os dois partidos ou qualquer deles? O PSDB vai tentar dar um ´jeitinho´? O PMDB vai se conformar com a exposição a que se submeteu, passando a idéia de ser uma sigla de aluguel, que abrigou o deputado apenas para que ele satisfizesse o seu interesse pessoal?
Bullshit, como diria os que falam inglês. Se o mandato pertence ao partido, e o deputado volta à legenda, seria isso jeitinho? Claro que não. E ainda exige uma providência séria. O redator quer ver é sangue.

Parece que se apaixonou pela palavra "trânsfuga". Usa-a assim, entre aspas, citando o ministro Marco Aurélio, três vezes.


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Falta de compromisso dos partidos políticos

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela análise, caro André.