quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Embromação oficial

A coluna Política (O Povo) foi no ponto com o título acima sobre o anúncio da nova siderúrgica. Fábio Campos, sempre ele, mostrou que o rei está nu.
Lula atrasou o desenvolvimento do Ceará, um ingrato.
Primeiro, embalou o ex-governador Lúcio num vôo internacional, para logo cortar as asas do sonho da Refinaria, sequestrado para Pernambuco.
Depois, enrolou, mostrou a coluna Política.

Antes tarde, antes com carvão...
Mérito para o governador Cid Gomes de redesenhar o projeto, mesmo com um parceiro a menos. E ainda foi gentil com Lula, cenário do lançamento do projeto.
Se a Petrobrás não tem enrolado, é posssível que essa alternativa já tivesse sido adotada e teríamos avançado.
Lula brecou.

O jornal ainda trouxe matéria impecável de Erivaldo Carvalho. Vale a pena a leitura: Políticos rejeitam idéia de derrota

No Diário, mudança de tom.
Note as diferenças nas manchetes de hoje e de ontem. A de ontem, equilibrada:





Postura até crítica, lembrava que era "sem petrobras", que o início das obras seria adiado por, pelo menos, um ano. Hoje, o outro lado da moeda. Fala de uma "nova era". Quando tentou mudar de tom, desafinou:



Tenho a impressão de que a manchete de ontem não deve ter agradado. "Nova era na economia"? Manera, um ufanismo ingênuo, se não é pleonasmo. Ontem, mais um ano seria adiado para início das obras. Hoje, a inauguração será antecipada, "segundo expectativas mais otimistas". Aloprou. Foi tomado pela "onda de otimismo".

A posição do jornal foi muito bem escrita no editorial, gente alfabetizada. Sabe que Ceará Steel é com acento. Só o editorial e a coluna de Egídio Serpa. No restante do jornal, e dos outros jornais, a extinta futura siderúrgica não tinha acento. Com a desculpa surreal de que o nome seria em inglês. Really?

Em nome do editor do caderno Negócios, diga-se, a cobertura foi boa, ampliada, vários ângulos, sem ufanismo, mas um tanto burocrática. Era como se fosse um texto medroso, de desagradar. Nervos de aço.

A burocracia chegou ao ponto do repórter usar a expressão "sócia completa" na matéria Dongkuk terá agora 80% de participação. E o editor ainda destacou:

Posteriormente,

a Dongkuk tem a

possibilidade de se

tornar sócia completa

Para compreender: Há dois sócios no empreendimento, Dongkuk (80%) e Vale (20%). É possível que a Vale saia do negócio. A Dongkuk seria a dona da siderúrgica, sem sócio. "Sócia completa" deve ser um jargão do mundo dos negócios...

Mas o Diário arrasou na Imagens e Notas. Você pode acessar o link aí, mas bonito mesmo está na p. 8 do jornal. Um bom resumo da história. Coisa de gente grande. Em contraste, a infografia do Povo se perdeu, recuando muito no tempo. Dispersa, confusa. Muita informação, em profusão. A do Diário, simples, show.


Um comentário:

Anônimo disse...

o problema do ótimo Fábio Campos - e, aparentemente, também seu, é o pressuposto de que, soy Lula, soy contra. Não tenho simpatia alguma pelo presidente. Concordo com tudo que o FC escreveu. Mas o próprio não agiu assim na época da refinaria do FHC, anunciada em 1998 e 2002. E ele embarcou legal na "embromação oficial".