sábado, 19 de maio de 2007

A educação pelo avesso

O título acima é o mesmo que foi publicado hoje no Caderno 3 (P.4) do Diário, assinado pelo crítico (?) de cinema Pedro Martins Freire. É um festival de erros gramaticais e de pensamento:


Num país onde deputados se elevam à condição de marajás e professores (que os ajudaram e ensinaram a ser gente e a tratar os outros como gente) terão piso salarial de R$ 850,00 só daqui há três anos, o sistema de ensino não poderia ser tratado de outra forma senão que a pontapés.
Não entendi essa mistura de deputados com professores. Este "senão que" é um verdadeiro pontapé na língua.

É o que mostra o documentário ´Pro Dia Nascer Feliz´, de João Jardim, o realizador de ´A Janela da Alma´.
É mesmo, o filme mostra isso? Então, não quero ver.

É como o nível de importância que o governo dá à escolar que ele quer ver o País.
Dá à escolar???

O ostracismo do sistema de educação no Brasil começou a ser vilipendiado
Peraí, o ostracismo começou a ser vilipendiado?

pelos militares da ditadura que controlou a nação durante mais de duas décadas e se estende até os dias de hoje.
Para quem não sabia, a ditadura se estende até os dias de hoje. Quem sabe umas vírgulas não ajudariam o entendimento do que ele quer dizer...

A idéia de educação para os governantes e detentores do poder são os ´cursos profissionalizantes´, ou seja, a preparação de mão de obra para o comércio, a indústria, etc.
O "etc" deve comportar jornalismo, pois escrevem "mão-de-obra" sem hífen.

Preparar e investir no indivíduo para o pensar tornou-se um perigo. Essa ideologia do atraso permanece viva no governo Lula, no qual foi depositado a esperança de mudanças e hoje não passa de uma sombra de FHC, ou pior ainda, dado às denúncias de favorecimento e corrupção envolvendo o seu partido político, o PT.
Seria ele uma prova da consequência de não preparar o indivíduo para pensar? E esse "dado às denúncias"... Tenho que parar para pensar, mas dá uma preguiça!!!

A grande pergunta que o filme deixa para todos, após se ver a solitária e notável adolescente pernambucana Valéria Manari de uma pequena cidade do interior caminhar por uma estrada, a qual se configura como metáfora das incertezas é: o que se fazer para reverter toda essa falência criminosa, esse planejado assassinato de um País, expressado degradação de seu sistema de ensino.
A pergunta é mesmo pertinente: o que se fazer? Como se reverte uma "falência criminosa", um "planejado assassinato". Só a ressurreição.

No Brasil, criança e adolescente nascem sob a omissão do estado já nos hospitais e maternidades, passa pelo bairro ou favelas em que moram, na falta de ambientes de lazer e efetivos programas assistenciais, na solidão da ignorância dos pais, no ato da falta da escola (ou de salas adequadas, de professores), no desvio da merenda escolar (quem rouba não é punido).
"Criança e adolescente nascem". Precisa comentar? "...na solidão da ignorância dos pais", "no ato da falta da escola". Meninos, acho que ele escreveu assim para provar sua argumentação. Tipo assim: se não houver melhora no sistema de ensino, todos escreverão assim. Vote!

E, quando dentro da escola, o que o jovem encontra? Falta de escolas e, quando têm, os prédios estão mal conservados ou caindo aos pedaços, banheiros sujos, matagal onde deveria ser área de esporte e lazer, professores desmotivados e ausentes, a ameaça da violência. Claro, há exceções.
Peraí de novo. Quer dizer que quando dentro da escola, o jovem encontra falta de escola? Como é que ele entrou na escola se a escola não há?

Em ´Pro Dia Nascer Feliz´, a exposição da falência do sistema de educação do País, choca.
Deve chocar mais do que essa vírgula separando o sujeito do predicado.

E é chocante, não apenas pela certeza da descaso, da incompetência e da falta de vontade política, mas por ser um processo de assassinato mesmo do ambiente da educação.
Certeza da descaso. Deve ter querido dizer "dá descaso" ou do "descaso".

O filme, não faz denúncia, mas promove uma reflexão fortíssima sobre o por que desse processo de acabamento.
De novo, a vírgula separando o sujeito do predicado.

A realidade exposta no filme, é o da escola, objetivamente se direciona na figura que nela deveria ser seu maior personagem: a juventude.
É repetitivo, heim? De novo, a vírgula separando o sujeito do predicado.

A escola vira exposição de ausência, carência. Quanto aos jovens, uma dolorosa exposição: a impossibilidade de sonhar com o futuro. Jardim não esquece de colocar a discussão da educação na faixa das classes sociais. As três alunas, Cissa, Mariana e Maysa, privilegiadas sociais, conscientes das desigualdades sociais, se perguntam: o que podemos fazer?
Terá querido dizer "socialmente privilegiadas" quando escreveu "privilegiadas sociais"?

Não é delas a função de acabar com a desigualdade. O espectador, sem saída, reflete com elas.O grande trunfo de ´Pro Dia Nascer Feliz´ é o de levantar reflexão sobre o destino do sistema de educação do Brasil. A idéia despertada, é o do que tudo está errado e da necessidade da derrubada do que aí está para a construção de um outro projeto. O atual, não dá mais, esgotou.
Ai, ai, virou estilo. A vírgula entre sujeito e predicado em mais duas vezes no parágrafo acima.

Um outro modelo de educação no qual jovens e professores não sejam figuras da exclusão, brigando para se incluírem num processo que os impede de entrar. O debate com o diretor João Jardim, após a sessão de hoje de manhã, tem tudo para ser especial. Que os estudantes dos cinco colégios que se farão presentes à sessão aproveitem a oportunidade do debate.

Ufa! Vocês conseguiram chegar ao fim? Quando li o editorial do Povo, que eu comento em piores textos, achei que era o imbatível do dia. Mas esta crítica é hors-concurs. Se o Diário tivesse só esse crítico, hein? Salve-nos, L.G. Miranda Leão.

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