sexta-feira, 25 de maio de 2007

Navalha nas aspas

O uso excessivo e inadequado de aspas é uma qualidade negativa do Diário. Pois não é que O Povo quer se igualar ao corrente nesse item.

Título da P 19 do Povo:
Para Mendes, ação da PF é "fascista"
Uma das funções das aspas é indicar citação literal, mas quando colocadas em apenas uma palavra é para indicar que ela não está em seu sentido denotativo, e pode revelar também ironia. Certamente, o jornal quis dizer que a palavra é de Mendes. Mas haveria dúvida se as aspas fossem retiradas? Observe:

Para Mendes, ação da PF é fascista
Mais simples, mais direta e não deixa a impressão de que Mendes estaria ironizando a ação da PF. Ele está fazendo uma acusação séria.

Também há excesso de vírgulas. Texto logo abaixo do título:
Para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, a Polícia Federal, ao permitir o vazamento
As vírgulas que encurralaram Gilmar Mendes dão a entender que ele é o único ministro do STF. Como é apenas mais um, o nome deveria vir sem as vírgulas.

Na outra matéria da página, mais aspas indevidas:
Parlamentares dizem que investigação é "dirigida"

Fico imaginando os parlamentares, em coro: dirigida, dirigida, dirigida.
Se digo que alguém é "trabalhador", possa estar insinuando que este alguém não é muito chegado ao trabalho. As aspas deterioram o sentido original da palavra, ao ponto de significarem o inverso. Tomem tento.

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