Linguagem do leitor
Supresa na manchete do caderno de Negócios, do Diário.
Metrofor ganha ritmo mais intenso
Título e texto destoam na dimensão. É dito:
a imagem de obra parada do Metrô de Fortaleza (Metrofor) começa, aos poucos, a desaparecer. O ritmo dos trabalhos está sendo garantido pelo maior fluxo de recursos tanto da União como do governo estadual.
De imagem de obra parada não pode pular de repente para ritmo intenso. Por isso ele coloca um "aos poucos" antes do desaparecer. E logo na abertura da matéria ele deixa as coisas no devido lugar: O Metrofor ganha ritmo e possui R$ 40 milhões em caixa, aguardando ainda mais R$ 168,21 milhões.
O repórter diz que o Metrofor ganhou ritmo, o editor resolveu intensificar.
Aguardando é uma história antiga. Muitas vezes o Diário deu que tinha chegado tantos milhões para o Metrofor. Dias depois, tendo que reconhecer que o dinheiro era uma promessa orçamentária, contigenciamentos travaram. É uma história recorrente, por isso o tom otimista do texto é mais esperança que realidade.
E logo vamos ter a explicação porque essa iminente cascata de dinheiro, que vai dar para intensificar o ritmo das obras:
A novidade, conta o presidente do Metrofor, Rômulo Fortes, é o maior empenho do governo do Estado para o repasse das contrapartidas.
Sem querer ser tão cético, dá mesma para acreditar que, de repente, isso tudo é só pelo "maior empenho"?Eu ficaria de orelha em pé.
O presidente do Metrofor afirma:
´Vamos ter mais verba para poder aplicar, prestar contas e aí o fluxo de recursos federais se acelera, porque tem a questão da paridade´, explica.
A explicação pode até ser convincente para quem domina o economês. Cabe ao repórter traduzir para a linguagem do leitor. Pode se argumentar que ele escreve para um determinado público que domina certos códigos. Como disse o presidente do Metrofor, tem a questão da paridade. Precisa explicar para os demais. Para mim, ele não explicou.
Em discussão...
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