Pistolagem na reportagem
Terminou hoje a série de reportagem inciada domingo no Povo. Um fiasco em comparação ao que prometeu.
Com o "carimbo" de cobertura especial e o sobretítulo POLÍTICA E PISTOLAGEM, O Povo deu a seguinte manchete: Poder, intimidação e morte. O texto da capa:
Política e pistolagem sempre andaram de mãos dadas no Ceará. Prefeitos, vereadores, deputados e governadores já se envolveram em crimes pela disputa do poder na região. O balanço é cruel. O Povo foi atrás dos principais crimes envolvendo políticos nas últimas décadas e constatou a falta de punição aos mandantes....
No domingo, comentei aqui: Mas as quatro páginas da reportagem citam apenas três casos de pistolagem: Almir Dutra (então prefeito de Maracanaú), João Jaime Ferreira Gomes Filho (então prefeito de Acaraú) e Afonso Fontes (então candidato a deputado). Quanto a este último, ainda há dúvida se houve motivação política.
Notem que o texto de abertura disse que o Povo foi atrás dos principais crimes nas últimas décadas ( e citou apenas três). E constatou: O BALANÇO É CRUEL.
Ao término da reportagem, na edição de hoje, quem foi cruel (com elegância) foi o editor Guálter George em artigo "a pauta veio antes" debaixo da vinheta BATE-PAPO COM O LEITOR.
Explicou como se faz a pauta, que haveria risco para a segurança de fontes e jornalistas. Que foi um material sereno e que saiu como planejado: enxuto, objetivo, analítico e histórico. E disse que o repórter Vicente Gioielli era paulista, mas já diz "vixe", de vez em quando. A matéria de hoje, que fechou a reportagem, tem o título "A moeda toma o lugar da bala". Fala de dossiês contra adversários, o exemplo veio de São Paulo, aquele contra o Serra.
Interessante a série pela discussão, reflexão. Mas o jornal tentou dar um impacto que não existia, certamente para justificar a manchete. Pesquisar as últimas décadas, anunciar que o balanço é cruel e apresentar apenas três casos. Sei não, tem algo errado. É o que se chama de forçar a barra.
2 comentários:
DEVO discordar das suas argumentações. A matéria cita, sim, três casos. Você acha mesmo pouco? As famílias ainda lamentam a impunidade...portanto, o assunto é válido. Por coincidência...na sexta uma testemunha foi assassinada. E aí?
Não, não acho pouco. Um já seria demais. Afirmei que a reportagem era válida. Critico, porém, o estardalhaço que o jornal quis dar. Ele disse que analisou as últimas décadas, e que o balanço era cruel. Definitivamente pecou nisso. Será que só foram mesmos esses três casos? Dá a impressão de que a reportagem não foi bem apurada, certamente apressada para aproveitar o gancho da morte de uma testemunha de um dos casos.
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